WANDERLEY SOARES, O SUL
Porto Alegre, Terça-feira, 13 de Março de 2012.
Na segurança pública há os profissionais congelados na periferia e os lambedores de botas aquecidos nos gabinetes palacianos.
Aqui em minha torre, atingida por ataques de hagares horríveis de diferentes poderes, não tenho estrutura para fazer o levantamento completo no campo do qual agora lhes falo.
No entanto, estou inclinado a assumir a convicção de que o que o povo brasileiro contribui para mordomias amorais concedidas às vestais dos serviços públicos em todos os níveis, municipais, estaduais e federais, que devem estar muito acima do que os gosmentos ingleses gastam com o fausto em que vive a família Elizabetana.
Temos príncipes políticos que viram conselheiros e são sagrados como juízes em tribunais que nada são além de auditorias, temos juízes em tribunais que sequer exigem o diploma de bacharel em direito, todos com salários vitalícios.
Temos corregedorias monitoradas por bandeiras partidárias e ouvidorias comandadas por surdos, coronéis e delegados da classe cola-fina e inspetores e soldados atirados na periferia, peritos criminalísticos e profissionais do sistema penitenciário congelados e lambedores de botas aquecidos nos gabinetes palacianos.
Há nos poderes oficiais um regime de castas que deságua sobre a sociedade cuja voz é hábil e cruelmente sufocada.
Lojistas
Lojistas da Região Metropolitana de Porto Alegre que viajavam de ônibus para compras em São Paulo foram assaltados na BR-116, no Paraná. O ataque aconteceu nas proximidades de Curitiba na noite de domingo. Os criminosos levaram dinheiro, joias e outros valores da gauchada, que ficou presa no bagageiro para facilitar a fuga. Trata-se de delito rotineiro. Esses pequenos comerciantes deverão providenciar num esquema de segurança particular. O Estado nunca vai tratar de frente este problema, pois nem mesmo nas áreas urbanas os assaltos estão sob controle.
Clubes e velórios
A polícia investiga um assalto ocorrido durante uma festa no Country Club de Santa Cruz do Sul na noite de domingo praticado por quatro homens armados e encapuzados. Os criminosos fizeram aproximadamente 30 reféns, entre elas senhoras e crianças. E levaram joias, dinheiro e todos os valores que puderam arrecadar. Não sei se havia segurança no clube, mas a sociedade deve estar atenta até para a realização de velórios.
Águas abaixo
E a tal organização dos flanelinhas badalada pelo CPC (Comando de Policiamento da Capital) foi águas abaixo. A baderna continua. Os guardadores de carro são de uma ala e os flanelinhas de outra. A sociedade fica à mercê de tudo.
Amostragem
O último fim de semana teve 21 mortes no trânsito, superando o registrado em todo o feriadão de carnaval. Nada de anormal. Não há prioridade para a segurança pública em todos os seus aspectos. Grandes festas servem para o governo dar uma demonstração de amostragem. Depois, tudo retorna à trágica gangorra de rotina. Desce e sobe com alguns tombos pelo caminho.
Mulheres
Seis em cada dez apenadas no Rio Grande do Sul estão detidas em penitenciárias masculinas. Trata-se da política da transversalidade aplicada no sistema penitenciário gaúcho.
O Brasil precisa construir um SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL harmônico integrando Poderes e Instituições, independente tecnicamente, com ligações próximas, processos ágeis, competências definidas e capaz de assegurar a ordem pública, executar e garantir a aplicação coativa das leis, cumprir os objetivos da execução penal e promover a paz social, zelando pelos recursos públicos e garantindo a supremacia do interesse público em que vida, saúde, patrimônio e bem estar das pessoas são prioridades.