ZERO HORA 30 de outubro de 2014 | N° 17968
RENATO GAVA
ADOLESCENTE ESTUPRADA
Mesmo juíz que liberou homem por ser réu primário acatou pedido do MP e decretou a prisão preventiva. Ontem, agentes fizeram buscas em Viamão e na Capital, mas não encontraram foragido
Cinco agentes do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), em duas viaturas, rodaram toda a manhã de ontem por ruas do bairro Lami, no extremo sul de Porto Alegre, e de Viamão. Tentaram, em vão, localizar Marlon Patrick Silva de Mello, 25 anos, que teve a prisão preventiva decretada no final da tarde de terça-feira por suspeita de estupro de uma adolescente de 16 anos, na noite de 12 de outubro, às margens do Guaíba, na Capital.
Os policiais falaram com parentes do foragido, que garantiram não ter informações sobre seu paradeiro. Nos próximos dias, investigadores seguirão atrás de pistas sobre a localização do homem. O suspeito foi liberado pela Justiça dois dias após ser preso em flagrante. Responsável pelo caso, o delegado Leandro Cantarelli Lisardo não quis analisar a decisão da 6ª Vara Criminal da Capital:
– Foi decretada a prisão, não o localizamos e o consideramos foragido. Ponto final.
O pedido de prisão de Mello encaminhado pelo Ministério Público (MP) foi analisado pelo juiz Paulo Augusto Oliveira Irion, da 6ª Vara Criminal, o mesmo magistrado responsável por conceder a liberdade ao suspeito, preso em flagrante pela polícia na noite do episódio. Conforme a assessoria do juiz, a decisão que impôs medidas alternativas à prisão foi alterada devido aos laudos periciais que comprovam o crime e às declarações da vítima, anexadas ao recurso do MP. Tais provas, conforme a Justiça, não constavam nos autos da prisão em flagrante.
DOCUMENTOS COMPROVAM A GRAVIDADE DO DELITO
Os documentos que comprovariam o crime e a gravidade do delito, conforme a Justiça, superam a circunstância do suspeito ser réu primário e sem antecedentes criminais, principal fundamento para a soltura, que causou polêmica. Na ocasião, ONGs e movimentos de proteção à mulher divulgaram nota de repúdio à decisão do juiz, considerada um retrocesso. O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, que defende a prisão como última medida, também se manifestou na época contra a soltura e disse que “pela gravidade e pelo impacto social que causa, ser primário em crimes dessa natureza é relativo”.
O advogado de Mello, Adelmo Moraes de Almeida, afirma que ele deve se apresentar à polícia até sexta-feira, mas contesta as alegações do Ministério Público.
– A fragilidade da prova não aduz a certeza para expedição do mandado – afirmou Almeida.
O outro suspeito, Rodnei Alquimedes Ferreira da Silva, 56 anos, capturado no mesmo dia, deve permanecer preso até o julgamento, por já ter sido condenado por roubo com tentativa de estupro.
RELEMBRE O CASO |
-O crime ocorreu por volta das 23h30min de 12 de outubro, após uma festa na Usina do Gasômetro. |
-Dois homens foram presos em flagrante por violentarem estudante de 16 anos, perto do Anfiteatro Pôr do Sol, às margens do Guaíba. |
-Ao ouvir os gritos da vítima, um morador de rua correu para socorrer a adolescente, enquanto outro foi chamar a polícia, recebida a tiros por um dos suspeitos. |
-A garota foi levada para o Hospital Fêmina onde permaneceu internada por dois dias. |
-No dia 14, um dos suspeitos, Marlon Patrick Silva de Mello, 25 anos, foi libertado pelo juiz Paulo Augusto Oliveira Irion, da 6ª Vara Criminal, por ser réu primário e não ter antecedentes criminais. A liberação provocou reações. |
-No dia 20, o MP recorreu e pediu a preventiva de Mello. Na tarde de terça, o juiz atendeu o pedido. |
-Policiais fizeram buscas ao suspeito na manhã de ontem, sem sucesso. Ele é considerado foragido. |
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