terça-feira, 23 de abril de 2013

MP FAZ "TUITAÇO" CONTRA A PEC 37


Em campanha na rede, Ministério Público faz 'tuitaço' contra PEC 37. Entre 15h e 17h, internautas usaram o Twitter para criticar proposta que restringe às polícias o poder de investigação em processos criminais
22 de abril de 2013 | 18h 42

O Estado de S.Paulo



O Ministério Público de São Paulo organizou uma manifestação no Twitter nesta segunda-feira, 22, em protesto contra a Proposta de Emenda Constitucional 37 (PEC), que assegura às polícias a exclusividade de investigações criminais. Para o órgão, o projeto enfraquece o MP.

Entre às 15h e 17h, internautas usaram a hashtag #NAOPEC37 para manifestar apoio à causa. "Impunidade não! MP com poder de investigação!", foram alguns dos posts usados pelos internautas. Durante o período, o termo ficou entre os dez assuntos mais comentados do site.

O ato faz parte da campanha nacional promovida pelo órgão na tentativa de fazer o Congresso rejeitar a proposta. O MP-SP também criou um abaixo-assinado na internet, apoiado até o momento por 194.559 pessoas. Os organizadores querem atingir 200 mil signatários. "A Constituição Federal permite que o Ministério Público investigue, assim também o fazem outras leis como, a Legislação Eleitoral, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso. O STF já proclamou que o MP também deve investigar", diz o texto da petição online.

Na quarta-feira, 24, está previsto um ato público em Brasília para entregar as petições públicas organizadas no País ao presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

12 de abril de 2013 | 16h 30

Proposta que impede MP de investigar só interessa a corruptos, dizem promotores. Categoria organizou ato em São Paulo contra a PEC 37, que garante poder de investigação apenas para as polícias
Bruno Boghossian, de O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - Promotores e procuradores reunidos em São Paulo fizeram um ato nesta sexta-feira, 12, contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 37, que retira do Ministério Público o poder de investigação - garantindo essa competência apenas às polícias. Os manifestantes alegam que a medida vai reduzir a punição de responsáveis por crimes de corrupção e apontaram que o projeto está sendo defendido por políticos "corruptos e malfeitores".

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Marcio Elias Rosa, afirmou que a proposta de restrição ao trabalho de promotores está "em desacordo com a realidade do Brasil" e que o Ministério Público deve continuar a investigar a corrupção e os crimes econômicos.

"A população brasileira libertou-se dos escuros porões da ditadura, mas ainda há escuridão para boa parte da população. Há crianças sem esperança, idosos sem sonhos, há miséria, exclusão, há moradores de rua e gente que não tem o que comer. Grande parte dessa carestia é resultante da prática de crimes contra a administração, delitos econômicos, sonegação fiscal. Nosso compromisso é reverter essas mazelas", declarou Elias Rosa.

O presidente da Associação Paulista do Ministério Público, Felipe Locke Cavalcanti, afirmou que a aprovação da PEC 37 deixaria impunes os políticos que praticaram atos de corrupção.

"É preciso saber que essa PEC interessa aos corruptos, aos malfeitores, àqueles que agridem a sociedade", disse Locke. "Nós temos um caso célebre, onde infelizmente um malfeitor, um criminoso, um corrupto, remete dinheiro ao exterior e tem ordem de prisão expedida pelas principais cortes internacionais e no Brasil é um dos principais defensores dessa PEC da Impuinidade, não sem razão, pois é o principal beneficiário dela."

Segundo o procurador, a aprovação da proposta anularia processos em que houve investigações realizadas pelo Ministério Público e outras instituições.

"Todos esses processos com esta PEC serão anulados. E nós temos um caso mais grave, em que houve participação do Ministério Público, do Tribunal de Contas, da controladoria, que é o chamado caso do mensalão. E está claro que essas pessoas (réus condenados), com essa PEC, poderão ser beneficiadas", declarou.

O texto da PEC 37 foi apresentado em 2011 pelo deputado Lourival Mendes (PT do B-MA). Em novembro de 2012, o projeto foi aprovado por uma comissão da Câmara e está pronto para votação em plenário. Os deputados que defendem a PEC alegam que o trabalho de investigação no País é feito "sem controle", por estar disperso entre diversas instituições. Promotores e procuradores argumentam que os políticos querem restringir as suas competências para evitar a apuração dos crimes cometidos por eles.

O procurador de Justiça Mário Luiz Sarrubbo disse que a proposta "resulta da associação perversa e criminosa da cobiça cega de um capitalismo de vale-tudo com um Estado corrupto e incompetente".

Andrey Borges de Mendonça, procurador da República em São Paulo, alega que a participação do Ministério Público nas investigações complementa as ações da polícia. "É impossível que a polícia investigue tudo sozinha. Atualmente, chegam a apenas 8% as investigações da polícia com autoria delimitada, quando se identifica o responsável pelo crime. Se a PEC for aprovada, 90% ou mais das investigações não serão conclusivas."

O promotor Roberto Livianu disse que "a PEC 37 é um instrumento de impunidade, que vai na contramão da história".

Nenhum comentário:

Postar um comentário