sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

PRISÃO DE INOCENTE

ZERO HORA 28 de fevereiro de 2014 | N° 17718


JOSÉ LUÍS COSTA


CRIME NA CAPITAL. 
Prisão de inocente faz caso voltar à estaca zero

Polícia descartou envolvimento de homem na morte do publicitário Lairson Kunzler



A prisão de um inocente,até então suspeito de envolvimento no assalto que resultou na morte do publicitário Lairson José Kunzler, 68 anos, forçou a Polícia Civil a recomeçar a investigação do ponto de partida. O homem detido provisoriamente ontem pela manhã tinha contra si cinco indícios de autoria do crime, incluindo impressões digitais no Civic da vítima e semelhança física com o assassino, mas convenceu a polícia de que nada tem a ver com o motoqueiro que matou Kunzler a tiros para roubar R$ 44,2 mil.

Ocrime ocorreu segunda-feira, diante da portaria do condomínio Jardim do Sol, onde o publicitário morava, no bairro Cavalhada, zona sul de Porto Alegre. O suspeito – cujo nome e dados pessoais não foram divulgados – trabalha temporariamente em um estacionamento próximo ao banco Itaú, no bairro Moinhos de Vento, onde Kunzler deixou o veículo para ir até a agência sacar o dinheiro.

Conforme relato do suspeito em depoimento na 6ª Delegacia da Polícia Civil, as digitais dele estavam na porta do Civic porque ele manobrou o veículo na manhã do dia do crime. O homem apresentou tíquetes que comprovariam a entrada do Civic por volta das 11h40min e a saída do estabelecimento perto do meio-dia. Do estacionamento, a vítima foi seguida por dois bandidos em uma motocicleta até o bairro Cavalhada, local do ataque.

A polícia tinha as informações do suspeito desde terça-feira, quando marcas de dedos dele foram identificadas pelo Instituto-geral de Perícias (IGP). Após a decretação da prisão pela Justiça, na noite de quarta-feira, agentes foram ontem pela manhã ao apartamento do suspeito, no centro da Capital, e encontraram o local vazio, com sinais de que estava desabitado havia alguns dias.

Em um cômodo foi localizado um bilhete com um nome feminino. A partir daí, a mulher, amiga do homem, foi localizada e informou o endereço onde ele estava trabalhando.

Além de quatro fragmentos de digitais, a fisionomia e uma tatuagem semelhantes às do bandido que aparece nas imagens do ataque elevaram as desconfianças contra o suspeito. A polícia se convenceu de que estava na trilha para esclarecer o crime. Apenas um fator intrigava os agentes: o suspeito não tinha antecedentes criminais, contrastando com o que se percebe ao ver as imagens da cena do roubo. O assaltante demonstrou ser experiente e ágil ao manusear o revólver.

Laboratório americano vai examinar imagens do atirador

Após interrogar o suspeito, a delegada Áurea Regina Hoeppel afirmou:

– Não é ele. Tenho plena convicção que nada tem a ver com o crime.

O homem confundido com o assaltante evitou entrevistas. O desfecho inesperado pôs por terra a expectativa da polícia de ter o caso esclarecido em menos de 72 horas.

Agora, a delegada aguarda exames do IGP em fragmentos de outras duas digitais deixadas no carro do publicitário, enquanto tenta identificar suspeitos que aparecem em cenas gravadas pelo circuito interno do Itaú e rastrear quadrilhas. Além disso, cópias das imagens do atirador foram enviadas para um laboratório dos Estados Unidos capaz de desenhar rostos (mesmo que encobertos por capacete) e feições a partir de pequenos traços de fisionomia.



PISTAS FRIAS
Polícia Civil se valeu de cinco indícios para prender o homem errado na manhã de ontem

1) Impressões digitais na porta do automóvel da vítima
2) Compleição, traços físicos e estatura semelhantes ao do criminoso que atirou em Kunzler
3) Tatuagem parecida em uma das pernas
4) O suspeito não aparecia em casa havia mais de uma semana e não teria boa relação com a vizinhança
5) Sem trabalho fixo (atualmente o homem cuidava do estacionamento da família)

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