sexta-feira, 27 de setembro de 2013

UNIÃO CONTRA O CRIME




ZERO HORA 27 de setembro de 2013 | N° 17566

CARLOS WAGNER

Operação conjunta desarticula quadrilhas

Polícias Civil e Federal prendem organizações especializadas em sequestros e assaltos a bancos



Na madrugada de 26 de agosto, agentes da Polícia Federal prenderam cinco homens, em Charqueadas, portando metralhadoras, espingarda calibre 12, pistolas 9 milímetros e 2,5 quilos de explosivos. Algemado, um dos bandidos quis saber por que estava sendo preso se não havia cometido crime contra a União.

Ele não sabia, mas a Federal trabalhava em parceria com a Polícia Civil na Operação Integrada destinada a desarticular quadrilhas especializadas em sequestros, ataques a bancos e tráfico de drogas no Estado.

Ontem, mais oito integrantes dos organizações – 18 já estão encarcerados – foram detidos.

Nas primeiras horas da manhã, cem policiais federais e civis, tripulando 30 veículos, cumpriram 17 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão em Novo Hamburgo, Campo Bom, Canoas e São Leopoldo. Pelo menos cinco suspeitos permanecem foragidos.

O trabalho em conjunto se iniciou em junho. Na ocasião, os investigadores da PF e da Civil apuraram que um dos investigados, Claudinete Jorge Marques da Rocha Junior, 31 anos, e a sua companheira, Cristine Braga, 26 anos (ambos presos ontem), estavam envolvidos nos sequestros do tesoureiro da Caixa Econômica Federal em Novo Hamburgo e do gerente da agência do Sicredi na cidade de Pareci Novo. No aprofundamento da apuração, policiais descobriram que o casal fazia parte de um contigente de 30 pessoas envolvidas com ataques a banco, sequestros de gerentes de agências bancárias, roubo de veículos e outros crimes.

– Há pouco tempo, quadrilhas eram grupos fechados e especializados em um tipo de crime. Hoje, são bandos formados ao acaso para atacar um determinado objetivo pela sua vulnerabilidade e valor, que tanto pode ser um carro-forte como roubo de cargas – detalhou o delegado Ranolfo Vieira Junior, chefe da Polícia Civil, durante entrevista coletiva na sede da PF.

Vítimas eram torturadas em ataques a residências

Ao lado de Ranolfo, o delegado Sandro Caron, superintendente da PF, acrescentou:

– A mudança mostra que é impossível uma polícia agir de maneira isolada. Da maneira como agimos, conseguimos poupar recursos, tempo, e sermos mais eficientes na produção de provas que serão compartilhadas entre a Federal e a Civil.

Os dois delegados não entraram em detalhe sobre as investigações. Mas descreveram os criminosos como “jovens e cruéis”. Para realizar os ataques, a quadrilha sequestrava familiares de funcionários de bancários e os torturavam psicologicamente, ameaçando os filhos de gerentes. Eles não têm chefe. Unem-se de maneira temporária para atacar um objetivo. Os dois delegados acreditam que, com a desarticulação do bando, ataques a bancos deverão diminuir no Estado.



SUA SEGURANÇA | HUMBERTO TREZZI



O nome já diz tudo


Operação Integrada. O nome já diz tudo. O antigo ditado de que juntos fazemos mais se aplica à ação desencadeada ontem, na parceria entre policiais civis e federais. Pode ter sido até coincidência que ambas as polícias receberam dicas sobre as mesmas quadrilhas. O importante é que, ao contrário de outros tempos, resolveram unir forças e partilhar dicas. Só podia terminar como terminou, com 26 bandidos encarcerados.

Já tinha acontecido antes, embora escassas vezes. Quando uma quadrilha tomou a cidade serrana de Cotiporã, no fim do ano passado, PMs chegaram rápido ao local. Interceptaram e mataram três bandidos na estrada. A rápida e eficiente ação da BM ocorreu, entre outras razões, por estímulo de informações repassadas pela Polícia Federal.

Tempos atrás, a Polícia Civil e a PF também realizaram blitze conjunta contra pontos de tráfico em Porto Alegre. Pois ações assim deveriam se repetir, resguardados os cuidados naturais para que nada vaze antes do tempo. É certo que o entrosamento traz a marca do jovem delegado Sandro Caron, há poucos meses no cargo de superintendente regional da PF, e do experiente delegado Ranolfo Vieira Junior, chefe da Polícia Civil gaúcha. As trocas de informações entre eles remonta ao tempo em que Caron chefiava a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). A população aguarda que venham mais ações assim.

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