REVISTA ISTO É N° Edição: 2371 | 009.Mai.15 - 10:13
Até onde pode ir a disputa entre o procurador-geral da República e o presidente da Câmara na Operação Lava Jato
Claudio Dantas Sequeira
As escaramuças ocorridas no início da Operação Lava Jato, quando o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi incluído entre os investigados no esquema do Petrolão, eram apenas um indicativo do que estava por vir mais adiante. O ápice da querela com o MPF se deu na semana passada. Na segunda-feira 4, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu diretamente ao ministro-relator do caso no STF, Teori Zavascki, autorização para ação de busca e apreensão na Central de Informática da Câmara. O gesto foi interpretado como uma provocação. No dia seguinte à solicitação, um integrante da força-tarefa da PGR e peritos em computação copiaram todos os registros digitais da atividade legislativa dos últimos cinco anos. Informações indicam que a coleta de documentos teria incluído o gabinete da Presidência e a residência oficial do parlamentar, onde teria sido apreendido um laptop. Visivelmente acuado, Cunha classificou o episódio como ato de “desespero do procurador”. Como retaliação, o presidente da Câmara voltou a articular a convocação de Janot à CPI da Petrobras para prestar esclarecimentos. “O que foi feito é absolutamente desnecessário. Bastava mandar um ofício. São circunstâncias que mostram o desespero do procurador de tentar encontrar alguma coisa que possa tentar me incriminar”, disse Cunha. O PGR, por sua vez, contra-atacou, afirmando que não lhe cabe dialogar com investigados.
Em parecer enviado ao Supremo, Janot disse há “elementos muitos fortes” capazes de relacionar Cunha com o esquema do Petrolão. As suspeitas sobre o parlamentar aumentaram depois que o doleiro Alberto Youssef, em delação premiada, acusou Cunha de receber propina das empresas Mitsui e Samsung por contratos de locação de sondas para a Petrobras. A interrupção dos repasses teria levado o peemedebista a pressionar as companhias na Comissão de Fiscalização da Câmara, por meio de dois requerimentos de informação que propunham uma devassa nos contratos, aditivos e processos licitatórios da Mitsui com a Petrobras. Mitsui e Samsung eram representadas no Brasil pelo executivo Julio Camargo, delator do Petrolão. Os requerimentos foram assinados pelo deputado Sérgio Brito (PSD-BA) e a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), atual prefeita de Rio Bonito (RJ), ambos aliados do presidente da Câmara. Há duas semanas, descobriu-se que Cunha teria sido o autor dos dois requerimentos, segundo registros digitais do sistema interno da Casa vazados à imprensa. Acuado, ele alegou fraude no Centro de Informática e demitiu seu diretor. Janot, então, solicitou a busca dos documentos para perícia. O procurador-geral desconfia que Cunha estaria por trás de um “balcão de negócios” operado por aliados.
Em 2013, outros dois requerimentos apresentados na Comissão de Minas e Energia pediam a convocação de dirigentes da Petrobras, da Sete Brasil, empresa que também é alvo da Lava Jato, e dos fundos de pensão. Um dos requerimentos foi apresentado pelo deputado Dudu da Fonte (PP-PE), investigado no STF por envolvimento no Petrolão, e aliado de Cunha.
Fotos: Gustavo Moreno/D.A. Press; DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Até onde pode ir a disputa entre o procurador-geral da República e o presidente da Câmara na Operação Lava Jato
Claudio Dantas Sequeira
As escaramuças ocorridas no início da Operação Lava Jato, quando o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi incluído entre os investigados no esquema do Petrolão, eram apenas um indicativo do que estava por vir mais adiante. O ápice da querela com o MPF se deu na semana passada. Na segunda-feira 4, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu diretamente ao ministro-relator do caso no STF, Teori Zavascki, autorização para ação de busca e apreensão na Central de Informática da Câmara. O gesto foi interpretado como uma provocação. No dia seguinte à solicitação, um integrante da força-tarefa da PGR e peritos em computação copiaram todos os registros digitais da atividade legislativa dos últimos cinco anos. Informações indicam que a coleta de documentos teria incluído o gabinete da Presidência e a residência oficial do parlamentar, onde teria sido apreendido um laptop. Visivelmente acuado, Cunha classificou o episódio como ato de “desespero do procurador”. Como retaliação, o presidente da Câmara voltou a articular a convocação de Janot à CPI da Petrobras para prestar esclarecimentos. “O que foi feito é absolutamente desnecessário. Bastava mandar um ofício. São circunstâncias que mostram o desespero do procurador de tentar encontrar alguma coisa que possa tentar me incriminar”, disse Cunha. O PGR, por sua vez, contra-atacou, afirmando que não lhe cabe dialogar com investigados.
Em parecer enviado ao Supremo, Janot disse há “elementos muitos fortes” capazes de relacionar Cunha com o esquema do Petrolão. As suspeitas sobre o parlamentar aumentaram depois que o doleiro Alberto Youssef, em delação premiada, acusou Cunha de receber propina das empresas Mitsui e Samsung por contratos de locação de sondas para a Petrobras. A interrupção dos repasses teria levado o peemedebista a pressionar as companhias na Comissão de Fiscalização da Câmara, por meio de dois requerimentos de informação que propunham uma devassa nos contratos, aditivos e processos licitatórios da Mitsui com a Petrobras. Mitsui e Samsung eram representadas no Brasil pelo executivo Julio Camargo, delator do Petrolão. Os requerimentos foram assinados pelo deputado Sérgio Brito (PSD-BA) e a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), atual prefeita de Rio Bonito (RJ), ambos aliados do presidente da Câmara. Há duas semanas, descobriu-se que Cunha teria sido o autor dos dois requerimentos, segundo registros digitais do sistema interno da Casa vazados à imprensa. Acuado, ele alegou fraude no Centro de Informática e demitiu seu diretor. Janot, então, solicitou a busca dos documentos para perícia. O procurador-geral desconfia que Cunha estaria por trás de um “balcão de negócios” operado por aliados.
Em 2013, outros dois requerimentos apresentados na Comissão de Minas e Energia pediam a convocação de dirigentes da Petrobras, da Sete Brasil, empresa que também é alvo da Lava Jato, e dos fundos de pensão. Um dos requerimentos foi apresentado pelo deputado Dudu da Fonte (PP-PE), investigado no STF por envolvimento no Petrolão, e aliado de Cunha.
Fotos: Gustavo Moreno/D.A. Press; DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Nenhum comentário:
Postar um comentário