sexta-feira, 22 de março de 2013

O FANTASMA DA RODIN


ZERO HORA 22 de março de 2013 | N° 17379

SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi


Tudo o que não querem policiais e promotores que investigam o incêndio na Kiss é um processo longo e de futuro incerto. O fantasma a assombrá-los é o da Operação Rodin, que em 2007 revelou um suposto esquema de corrupção nos cofres do Departamento Estadual de Trânsito gaúcho (Detran/RS), com desvio estimado de R$ 44 milhões. De saída, foram 13 pessoas presas naquela ação e denunciadas 44. A Justiça Federal, no entanto, não foi com tanta sede ao pote e reduziu para 33 o número de processados.

Mais que isso: as 50 mil páginas da ação deram uma lentidão exasperante ao processo, que já tramita há mais de cinco anos, sem perspectiva de julgamento. Com isso alguns dos crimes prescreveram nesse tempo. Um verdadeiro pesadelo para policiais e promotores, que não querem ver a lentidão gerar impunidade, no Caso Kiss.

Os policiais, no calor da emoção, falam até em superar expectativas, responsabilizando mais de 15 pessoas pelo incêndio da boate santa-mariense. Pois dois promotores ouvidos por Zero Hora nem querem pensar em tantos réus. Por eles, o julgamento inicial será apenas dos diretamente envolvidos no incêndio, gestão e fiscalização da boate (leia-se, bombeiros). “E já é muita gente, se quisermos justiça rápida”, pondera um integrante do Ministério Público.

A estratégia mais provável é isolar o júri por homicídio e fazer várias investigações paralelas, por outros crimes. É o caso da prevaricação de bombeiros e fiscais municipais (por negligência no dever de fiscalizar), por exemplo. Aliás, militares indiciados por isso serão processados na Justiça Militar, que inclusive trabalha com penas superiores à civil, em caso de condenação.

É possível que pessoas escapem de processos criminais, mas sofram recomendação de que seja aberto processo por improbidade. É o caso provável de algumas autoridades municipais. Se não puderem agir, os policiais entendem que devem mostrar à comunidade que responsabilidade essas pessoas tiveram na maior tragédia da história gaúcha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário